quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Gângster americano

Se você está procurando algo para ler ou procurando algum injustiçado na lista recém-publicada dos filmes que vão concorrer ao Oscar, a dica é Gângster americano e outras histórias de Nova York, de autoria do jornalista Mark Jacobson, base para o novo filme de Ridley Scott, O gângster, que estreará amanhã e que tem no elenco os sempre eficientes Denzel Washington e Russel Crowe.

Fui vencido pelo prefácio do livro, lido a toque de caixa na Livraria Cultura. A publicação nos conta a história de Frank Lucas (interpretado por Denzel Washington mas que, nas palavras do próprio Lucas, deveria ser papel do Morgan Freeman), o traficante de heroína que tirava "1 milhão de dólares por dia" nas ruas da zona norte da Grande Maçã. Lucas, negro da Carolina do Norte nos anos 70 - o que era sinônimo de problemas - tinha um dos métodos mais inovadores e macabros de importação da droga: ela vinha em caixões de soldados mortos na Guerra do Vietnã. Mas o ponto forte da história é o fato de um negro, analfabeto, em suma, um grande outsider no sistema de castas dos EUA, ser um dos homens mais poderosos do Harlem sem que a polícia e as autoridades dessem um centavo de crédito.

Dizem que a base da história do filme é a relação entre o traficante e o policial Richie Roberts(Russel Crowe), um dos poucos que notou o grande senhor do crime da cidade. Richie diz no livro que Lucas é uma pessoa adorável e condenável e que até hoje (Frank ainda é vivo e mora na cidade e Roberts é advogado em New Jersey) eles conservam uma grande amizade. Já no livro, temos impressões de Nova York, dos Country Boys (o staff do traficante, formado por familiares e amigos da Carolina do Norte, umas vez que a molecada de NY era "muito atirada") e de como um mito como esse demorou para ser descoberto pela imprensa, polícia, enfim todos aqueles do circo que é o mundo do crime.

A orelha da obra diz que com a história contada no cinema, mais do que do livro em si, Frank Lucas entrará para o hall da fama dos mafiosos, junto com Al Capone e Don Corleone. Não é de duvidar, e isso é visto em apenas cinco minutos de leitura.

A obra é publicada pela Martins Fontes e custa cerca de R$ 40 . Mais barato do que a Blue Magic, a heroína vietnamina que embalou a década de 70 para muitos nova iorquinos e custava US$ 50. A dica para o filme também é válida, afinal de contas temos Denzel e Russel Crowe. Se até no filmeco Assassino virtual eles fizeram a diferença, imaginem agora, com Scott atrás das câmeras.