quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Ai gente, eu sou muuuuuuuuuito engraçado!"

Ah, os manuais. O que seria da humanidade sem os manuais? Você tem o Manual do Escoteiro Mirim, o Kama Sutra, a Bíblia. Tudo está lá, explicado: como agir, como se portar, como ter momentos de prazer com a sua parceira (ou parceiro, united collors of Benetton e que tais). Você nasce inútil e de repente surge um livro que pode lhe dar a resposta para todas as dúvidas do Universo, e esse não é o Guia do Mochileiro das Galáxias. O por que de uma introdução ruim como esta? Explico: o Ato ou Efeito - AOE, site que tem como mantenedor o Théo, o Fábio, o quase Ronald Rios (droga, ele não gosta dessa piada, tenho de parar com isso) mas sem a malemolência indie carioca do último, nos privilegia com manuais na seção Conta-gotas. Quer dizer, até onde eu entendi, a seção trata de manuais, mas vocês sabem que eu não sou lá muito inteligente, pelo menos segundo as palavras do Prêmio Nobel de Física, Química, Matemática e Estudos Sociais, Fábio Théo.

Eis que Fábio Théo resolveu fazer um manual sobre piadas. Há anos aguardo por isso. Achei que o desbravador seria, vejamos, Ari Toledo. Ou quem sabe, e acho que o Théo vai gostar desse, o "mestre Jerry Seinfeld". Estranho, eu conheci um outro cara que também chamava Jerry Seinfeld de "mestre", mas o fazia com a malemolência indie carioca. Mundo pequeno, igual aquele do Saint-Exupéry.

Até onde tenho conhecimento, o manual já estava no prelo e a redação atônita porque Théo, O Comediante, "zoaria grandão" com todos aqueles que colaboram com o AOE. Eis que, subitamente, algo estranho aconteceu: eu comentei em um dos textos do site, um comentário bobo, sem propósito algum que não de fazer troça e deixar um merchan em um espaço tão conceituado:

(Todos os direitos dessa imagem pertencem ao AOE e ao mundo)


Comentário feito, réplicas, tréplicas. Respostas sagazes como "uma biba" e "vocês não são donos do termo Zoei Grandão, a gente usa se quiser, mimimimimimi" fizeram parte do texto. Não preciso explicar que Zoei Grandão, além de um termo, é também uma url que, colocada na forma que foi, lembra e muito o que o Junior (o J.J. Jameson do Zoei Grandão) inventou.

Enfim, veio o manual. Com o título "A arte de zoar os amigos - Zoações de nível baixo: Você é um imbecil", ele discorre sobre como fazer piadas ruins sobre assuntos como plágio. Destaco um trecho que me faz rir tanto, mas tanto, que em certas horas eu acho que Fábio Théo é o "mestre do meshtre Jerry Seinfeld":

"Reparem no primeiro comentário, no artigo acima. Plágio. Zoações que envolvem plágio se enquadram nas categorias “preciso de atenção” e “doutor, eu não me engano, meu coração é corinthiano”, “eu tenho uma ervilha podre dentro da cabeça” e “gãããã”. O que é irônico citar uma “ervilha” dentro da cabeça no caso do nosso amigo Júlio, que tem a cabeça enorme. Reparem que eu poderia zoar o fato de ele ter um CORPO grudado na cabeça, mas eu não fiz, seria uma zoação de nível baixo QUASE médio, explico depois. Vamos ao plágio."

Isso é quase uma passagem biblíca. É como se, de repente, no meio do Kama Sutra, a figura do homem virasse para a figura da mulher e falasse:

- É pavê ou pacumê?

É uma piada única, a piada perfeita! Se o Coringa tivesse feito uma desse tipo no A Piada Mortal, o Bátima não soltaria apenas um "(heh)", mas gargalharia por cinco páginas seguidas!

Mas voltando a vaca fria, ou seja, o uso do termo Zoei Grandão ou algo próximo disso, vamos ao fatos. Fábio Théo, há um tempo, fez uma versão de Malhação com blogueiros. Isso nos áureos tempos em que o Ato ou Efeito era um blog, mas tinha tudo para virar o maior site de humor de todos os tempos, segundo o Instituto Zorra Total de Humor. Enfim, dos blogueiros que lá figuravam estava este que vos escreve, o supracitado Junior, Gabi, Eric, Lilhoca, enfim, o pessoal underground da blogosfera, que escreve porque gosta e não para ter o blog linkado, vejamos, pelo Edney (porra, Júlio César, olha os modos caraleo!). Esse texto está disponível no AOE hoje, mas com uma new edition com blogueiros famosos como Kid, o pessoal do Esculhambação e minha memória maligna jura que leu até Kibeloco por lá. Se o Tabet não estiver quando você for ler, eu coloco a mão direita na bíblia, a mão esquerda em um monitor com o site do AOE aberto e juro que vi o que vi. Isso nos leva a clássica pergunta: você traiu o movimento da blogueiragem underground, véi?

Onde eu quero chegar com isso? Simples: se ao invés de Zoa Grandão no título do texto tívessemos "Radiohead esculhamba" seria esse um texto com referencial? Afinal de contas, para que dar referência a um blog que poucos lêem e que a paranóia adsense até hoje só conseguiu angariar dois centavos de dólar. Em tempo, nada contra o pessoal do Esculhambação, isso é só um exemplo de caso. Não é culpa do autor dessa joça a url ser "de propriedade mundial".

O Zoei Grandão consta no Aurélio, no Houaiss e nos dicionários de escola pública. As palavras estão lá, para uso de todos. O comentário não foi uma crítica ao uso do termo, nem um choro para pedir link ou qualquer coisa do tipo (afinal, se quiséssemos isso, faríamos uma versão de Malhação com blogueiros, não é mesmo?). O comentário foi uma brincadeira que existe desde que eu conheço esse imenso comediante, com o humor tão refinado que eu às vezes não entendo, esse supra-sumo da risada, Fábio, O Théo.

Agora eu virei figura carimbada no AOE. Todos os textos que ensinam a fazer piada me tiram como exemplo. Lá achamos palavras como "imbecil", "você é tão burro que não me entende", "você vai lamber o cu do Júlio?" (impressionante como ele conseguiu escrever isso, é tão inovador!) e por aí segue. Tem um novo lá até, que diz que eu sou o "mascote" do site. Declino o título, assim como o "imbecil", aquele que não "entende" nada declinou o convite para escrever no AOE. Nada contra o site, nada contra Fábio Théo, O Homem que faz rir. Me estranha a esquizofrênia do convite e a discrepância do título. Afinal de contas, em um texto com tanto humor, como o mascote pode ser alguém que não faz uma piada sequer direito? Théo, o homem mais inteligente do mundo, sofre dos mesmos males de John Nash, outra mente brilhante. Esse, sem dúvida, "é mais inteligente que um aluno da quinta-série", diria Silvio Santos.